“E, caindo em si, desatou a chorar.” (Mc. 14:72)
Charles Haddon Spurgeon
Algumas
pessoas pensam que, enquanto viveu, todas as vezes em que Pedro se
lembrava de ter negado o Senhor, as lágrimas brotavam dos seus olhos.
Não é improvável que tenha sido assim, pois seu pecado foi muito grande,
e só tempos depois a graça teve efeito completo sobre ele. Essa mesma
experiência é comum a toda família redimida, na medida em que o Espírito
Santo remove o coração natural de pedra de cada um. Nós, como Pedro,
relembramos nossa arrogante promessa:
“Ainda que todos te abandonem, jamais o farei”, e engolimos nossas
palavras com as ervas amargas do arrependimento.Quando pensamos naquilo
que prometemos ser e naquilo que realmente somos, podemos chorar rios de
lágrimas de pesar. Pedro pensava na sua negação do Senhor.
O lugar onde O negou, o motivo tão pequeno que o levou a cometer um
pecado tão atroz, os juramentos e as blasfêmias com que procurou
confirmar sua hipocrisia, e a terrível dureza de coração que o levou a
repeti-lo mais e mais uma vez. Será que podemos continuar impassíveis e
obstinados quando somos relembrados dos nossos pecados e da sua terrível
iniquidade? Não faremos de Boquim nossa casa e choraremos diante do
Senhor para renovar a certeza do Seu amor perdoador? Que jamais façamos
vista grossa para o pecado, para não termos em seguida a língua queimada
nas chamas do inferno. Pedro também pensava no olhar amoroso do seu Mestre.
O cantar do galo foi seguido por um olhar de reprovação do Senhor,
cheio de tristeza, piedade e amor. Enquanto viveu, esse olhar nunca
deixou o pensamento de Pedro. Foi muito mais eficaz do que dez mil
sermões sem a iluminação do Espírito Santo. O apóstolo arrependido devia
chorar cada vez que se lembrava do pleno perdão do Senhor,
que o restaurou ao seu antigo posto. Pensar que temos ofendido o
bondoso e meigo Senhor é razão mais do que suficiente para chorarmos
constantemente. Senhor, fere o nosso coração de pedra e faz as águas
fluírem.
Tradução: Mariza Regina de Souza
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