segunda-feira, 22 de abril de 2019

22 de abril - Devocional vespertina


Não te assustarás do terror noturno 
(Salmo 91.5)

Que terror é esse? Talvez seja um alarme de fogo, um barulho de ladrões, aparições imaginárias ou o arrepio de uma doença súbita ou morte. Vivemos num mundo de luto e tristeza, por isso, podemos esperar males tanto nas vigílias da noite quanto nas horas escaldantes do dia. E isso também não deve nos amedrontar, pois seja qual for o terror, a promessa é que o crente não se assustará. E por que deveria? Tragamos o problema para mais perto: por que nós deveríamos nos assustar? Deus, nosso Pai, está aqui, e estará em todas as nossas horas solitárias; Ele é o Vigia Todo-Poderoso, o Guardião que não dormita nem dorme, o Amigo fiel. Nada pode acontecer sem Sua direção, pois até o próprio inferno está debaixo do Seu controle. A escuridão não é escura para Ele. Ele prometeu ser uma coluna de fogo ao redor do Seu povo ━ e quem pode romper tal barreira? As pessoas do mundo, com razão, podem ter medo, pois há um Deus irado acima delas, uma consciência culpada dentro delas, e um inferno escancarado abaixo delas; mas nós, que descansamos em Jesus, somos salvos de todas essas coisas pela Sua imensa misericórdia. Se dermos lugar ao medo insensato, iremos desonrar nossa confissão e levar outros a duvidar da realidade da piedade. Devemos ter medo de ter medo, para não aborrecer o Espírito Santo com nossa tola desconfiança. Fora, então, pressentimentos funestos e preocupações infundadas, Deus não Se esquece de ser gracioso, nem cala Suas ternas misericórdias; talvez seja meia-noite na alma, mas não precisa haver terror, pois o Deus de amor não muda. Os filhos da luz podem andar nas trevas, mas nem por isso naufragam; pelo contrário, agora são capazes de provar sua adoção, confiando no Pai celestial, coisa que os hipócritas não podem.

Mesmo sendo a noite escura e sombria
Não pode a escuridão de Ti se esconder
Tu és Aquele que guarda e vigia
Esteja o Teu povo onde estiver

Charles Spurgeon

Tradução: Mariza Regina de Souza

quinta-feira, 18 de abril de 2019

18 de abril - Devocional matutina


e ela atou o cordão de escarlata à janela (Josué 2.21)

A vida de Raabe dependia da promessa dos espias, a quem ela considerava representantes do Deus de Israel. Sua fé era simples e firme, mas muito obediente. O ato de amarrar o cordão escarlate na janela, em si mesmo, foi bastante bastante trivial, mas ela não ousou correr o risco de não fazê-lo. Ó minh’alma, não será esta uma lição para ti? Será que tens atentado à vontade de teu Senhor, mesmo que algumas de Suas ordens não pareçam essenciais? Tens observado as duas ordenanças de Deus para os crentes, o batismo e a Santa Ceia, da forma como Ele requer? Negligenciá-las é sinal de fria desobediência do coração. Doravante, sê inculpável em tudo, até mesmo em atar um cordão, se isso for uma ordem.
            A atitude de Raabe nos dá ainda uma lição mais solene. Será que tenho confiado no precioso sangue de Jesus sem nenhuma restrição? Será que tenho atado o cordão escarlate em minha janela como um nó górdio(1), de forma que minha confiança jamais seja abalada? Ou será que posso olhar o Mar Morto de meus pecados, ou a Jerusalém das minhas esperanças, sem ver o sangue e todas as coisas ligadas ao seu poder abençoador? Quando um cordão de cor tão chamativa é pendurado na janela, pode ser visto por todos que passam pela rua; será bom para mim que minha vida torne visível a eficácia da expiação de Cristo a todos que a vejam. O que há para se envergonhar? Que homens e demônios olhem se quiserem, o sangue é meu orgulho e minha canção. Ó minh’alma, existe Alguém que verá o cordão escarlate mesmo quando, pela fraqueza da fé, não puderes vê-lo: Yahweh, o Vingador, verá e passará sobre ti. Os muros de Jericó caíram, mas a casa de Raabe, que estava sobre o muro, permaneceu imóvel. Minha natureza faz parte dos muros da humanidade, no entanto, quando a destruição assolar a raça humana, eu estarei seguro. Minh’alma, ata de novo o cordão escarlate na janela, e descansa em paz.

Charles Spurgeon

Tradução: Mariza Regina de Souza

(1) Nó górdio
1 Hist. Nó que, segundo relato tradicional, prendia a carreta oferecida por Górdio, rei da Frígia, ao templo de Zeus, e que, segundo um oráculo, seria desatado por aquele destinado a ser o governante de toda a Ásia. [Conta-se que Alexandre, rei da Macedônia (s.IV a.C.), cortou o nó com sua espada, antes de invadir a Ásia.]
2 P.ext. Nó impossível de desatar.
3 Fig. Problema cuja solução é muito difícil, quase impossível; questão muito complicada, que exige habilidade, persistência.

quarta-feira, 10 de abril de 2019

10 de abril - Devocional matutina


Quando chegaram ao lugar chamado Calvário
(Lucas 23.33)

            A colina do consolo é a colina do Calvário; a casa da consolação é construída com a madeira da cruz; o templo da bênção celestial está alicerçado na rocha ferida ferida pela lança que penetrou o lado de Jesus. Nenhuma cena da história sagrada dá mais satisfação à alma do que a tragédia do Calvário.

Não é estranho que a hora mais negra
Que já raiou sobre a terra pecaminosa
Toque o coração com poder tão suave
E dê mais consolo que a alegria de um anjo?
Que os olhos cheios de lágrimas se voltem para a cruz
Mais rápido do que chega o brilho das estrelas de Belém?

            A luz brota na escuridão do meio-dia do Gólgota, e cada erva do campo floresce docemente sob a sombra do madeiro antes maldito. Naquele lugar de sede, a graça cavou uma fonte de onde brotam águas cristalinas, cada gota capaz de aliviar as tragédias da humanidade. Aquele que tem passado por tempos cheios de conflito confessará que não foi no monte das Oliveiras que encontrou consolo, nem no monte Sinai, nem no monte Tabor, mas no Getsêmani, Gabatá e Gólgota, estes têm sido seu meio de consolo. As ervas amargas do Getsêmani muitas vezes tiram o amargor da vida; o flagelo do Gabatá (Jo 19.13) com frequência tem banido as preocupações, e os gemidos do Calvário repelem todos os outros gemidos. Assim, o Calvário nos concede um consolo raro e precioso. Jamais teríamos conhecido o amor de Cristo em toda sua profundidade e altura (Rm 8.39), se Ele não tivesse morrido, nem poderíamos entender a profunda afeição do Pai, se Ele não tivesse entregue Seu Filho à morte. Todas as misericórdias comuns de que desfrutamos cantam esse amor; são como uma concha colocada ao ouvido, sussurrando as profundezas do mar de onde veio; mas, se desejamos ouvir o próprio oceano, não devemos olhar para as bênçãos cotidianas, e sim para aquilo que foi realizado na crucificação. Quem quiser conhecer o que é o amor deve retirar-se para o Calvário e ver o Homem de dores morrer (Is 53.3).

Charles Spurgeon

Tradução: Mariza Regina de Souza

quarta-feira, 3 de abril de 2019

3 de abril - Devocional Matutina

Então, Pilatos o entregou para ser crucificado.
João 19.16
Ele estivera a noite toda em agonia e passara a madrugada no palácio de Caifás; depois fora levado às pressas para Pilatos, de Pilatos para Herodes e de Herodes de volta a Pilatos; portanto, Ele já estava sem forças, mas, mesmo assim, não Lhe permitiram repousar ou descansar. Eles estavam ávidos do Seu sangue, por isso, conduziram-nO para a morte, carregando a cruz. Oh! Que dolorosa procissão! Bem podiam chorar as filhas de Salém (Lc 23.28). Minh’alma, chora tu também.
            O que aprendemos aqui, quando vemos a condução de nosso bendito Senhor? Será que não percebemos a verdade prefigurada pelo bode emissário? Não trazia o sumo sacerdote o bode emissário, impondo suas mãos sobre sua cabeça e confessando os pecados do povo, para que assim fossem colocados sobre o bode e deixassem o povo? Depois, o bode era levado por um homem apto ao deserto, carregando os pecados do povo, a fim de que, se fossem procurados não pudessem ser achados. Agora vemos Jesus levado aos sacerdotes e autoridades, os quais O declaram culpado; o próprio Deus imputa a Ele o nosso pecado, “o SENHOR fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos” (Is 53.6); “Ele o fez pecado por nós” (2Co 5.21); e, como substituto para a nossa culpa, Ele carrega sobre Seus ombros o nosso pecado, representado pela cruz; e vemos o grande Bode Emissário sendo levado pelos oficiais de justiça designados. Amado, você pode sentir a certeza de que Ele carregou o seu pecado? Será que quando você vê a cruz em Seus ombros, ela representa o seu pecado? Existe uma maneira pela qual você pode dizer se Ele carregou, ou não, o seu pecado. Você já colocou a mão sobre a cabeça de Jesus, confessou seu pecado e creu nEle? Se já, seu pecado não está mais sobre você; foi transferido pela bendita imputação de pecado para Cristo, e Ele o carrega sobre Seus ombros como um fardo mais pesado que a cruz.
            Que essa imagem não se desvaneça até que você se regozije na sua própria libertação, e adore o amoroso Redentor sobre quem foram lançadas todas as suas iniquidades.
Charles Spurgeon
Tradução: Mariza Regina de Souza

terça-feira, 2 de abril de 2019

2 de abril - Devocional Vespertina


Verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do SENHOR prosperará nas suas mãos. 

(Isaías 53.10)

Clamem pelo rápido cumprimento desta promessa, todos aqueles que amam o Senhor. Não é difícil orar quando estamos ancorados e alicerçados, assim como nossos desejos, na própria promessa de Deus. Será que Aquele que fez a promessa pode se recusar a mantê-la? A verdade imutável não pode diminuir-se pela mentira, nem a fidelidade eterna pode degradar-se pela negligência. Deus tem de abençoar Seu Filho, pois ambos estão ligados por sua aliança. Aquilo que o Espírito nos leva a pedir por Jesus é aquilo que Deus decreta dar a Ele. Toda vez que você orar pelo reino de Cristo, deixe que seus olhos contemplem o alvorecer daquele bendito dia por vir, quando o Crucificado será coroado no lugar onde os homens O rejeitaram. Coragem, você que, em espírito de oração, trabalha e labuta por Cristo, mesmo que seu sucesso seja pequeno, não será sempre assim; tempos melhores virão. Seus olhos ainda não podem ver o futuro glorioso, por isso tome emprestado o telescópio da fé; limpe o vidro embaçado de suas dúvidas; olhe através dele e contemple a glória vindoura. Leitor, deixe-nos perguntar: “Você faz desta a sua constante oração?” Lembre-se de que o mesmo Cristo que nos ensina a dizer “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje”, antes nos disse para pedir “Santificado seja o teu nome; venha o Teu reino; seja feita a Tua vontade assim na terra como no céu”. Não deixe que suas orações sejam todas sobre seus próprios pecados, seus próprios desejos, imperfeições e provações; deixe que elas subam a escada radiante e se elevem ao próprio Cristo, e então, ao se aproximar do propiciatório aspergido de sangue, ofereça continuamente esta oração: “Senhor, engrandeça o reino do Teu Filho Amado”. Tal pedido, apresentado com fervor, elevará o espírito de todas as suas devoções. Cuide para mostrar a sinceridade de suas orações lutando para promover a glória do Senhor.

Charles Spurgeon

Tradução: Mariza Regina de Souza