“seu fruto é doce ao meu paladar” — Cantares 2:3
A fé, na Escritura, é descrita sob a perspectiva de todos os sentidos. Ela é vista: “Olhai para mim e sede salvos”. É ouvida: “ouvi, e a vossa alma viverá”. É sentida pelo aroma: “Todas as tuas vestes recendem a mirra, aloés e cássia”; “como ungüento derramado é o teu nome”. É percebida pelo toque espiritual.
Por essa fé, a mulher se aproximou por trás de Jesus e tocou a orla das
Suas vestes, e por ela podemos apalpar as boas coisas relativas ao
Verbo da vida. A fé, igualmente, é o experimentar do Espírito. “Quão
doces são as tuas palavras ao meu paladar! Mais que o mel à minha boca”.
“Quem não come da minha carne”, disse Jesus, “e bebe do meu sangue, nele não há vida”.
Esse “experimentar” é uma das principais funções da fé. A primeira coisa realizada pela fé é o ouvir.
Nós ouvimos a voz de Deus, não só com o ouvido externo, mas com o
ouvido interno; nós a ouvimos como Palavra de Deus, e cremos que seja
assim, pois é o ouvir da fé. Em seguida, nossa mente enxerga a verdade que nos é apresentada; isto é, nós a entendemos, compreendemos seu significado; essa é a visão da fé. Depois, nós descobrimos a sua preciosidade; começamos a admirá-la, a sentir como é a sua fragrância; esse é o aroma da fé. E, então, nós nos apropriamos das misericórdias preparadas por Cristo para nós; esse é o toque da fé. Daí decorrem as alegrias, a paz, o deleite, a comunhão, esses são os sabores
da fé. Qualquer uma dessas ações da fé é salvífica. Ouvir a voz de
Cristo como a infalível voz de Deus à nossa alma nos salvará; mas o que
dá verdadeira alegria é o aspecto da fé em que Cristo, pelo
“experimentar” sagrado, é recebido em nós, e se torna, pela compreensão
interna e espiritual da sua doçura e preciosidade, o alimento da nossa
alma. É aí que “nos sentamos à sua sombra com grande deleite” e
descobrimos como seu fruto é doce ao paladar.
Tradução: Mariza Regina de Souza
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